Por Fernando Ferrari.
Olha o passarinho! (click, FLASH!)
Pronto, ficou muito bonita, mas me diga uma coisa:
Você tirou foto ou fotografou? Não, não é a mesma coisa! Existe uma grande diferença entre tirar foto e fotografar e que eu aprendi em aulas de fotografia e na prática da vida. Diferença que tentarei explicar aqui, a minha maneira, mesmo que não faça diferença para você:
Tirar foto é apertar o botão da máquina para alguém que faz pose em uma festa ou outra ocasião (incluindo aquelas ridículas que uns tiram em frente a uma escada rolante), onde você nem se preocupa com a posição da pessoa ou outros elementos, muitas vezes nem se importando com o foco. Isso explica aquelas fotos sem cabeça tiradas por um sem noção!
Já fotografar, envolve um processo minucioso, quase um ritual de prazer, envolvendo ajustes que vão desde a preocupação com a luz, o posicionamento de quem vai bater (a foto, a foto!), o manusear da máquina, assim como o ângulo, entre outras coisas que podem até não serem vistas a primeira vista, mas que determinarão se foi um bom registro ou não.
Porém por mais que isso seja uma tentativa de explicar e diferenciar dois processos, muitas vezes e em ambos os casos, uma boa foto independe da máquina usada e parece estar totalmente ligada à vontade e energia daquilo que será fotografado, devendo ser respeitada. Veja três exemplos disso que aconteceu comigo em uma mesma viagem para a Itália:
Numa aldeia ao Sul, muito muito distante chamada Capograssi, onde meu avô nasceu, conheci seu irmão qual passou 50 anos sem reencontrar, cabendo as fotos que levei ajudar na união a distância para ambos, da primeira vez que estive lá. Mas foi justamente quando seu irmão já não estava mais entre nós, e eu lá voltei, que coisas estranhas aconteceram.
Fui ao cemitério onde ele foi sepultado, localizado numa outra montanha à frente, e fotografei o túmulo com sua foto, para meu avô e eu termos mais uma recordação, não tão boa como as demais fotos, mas necessária para eu nunca me esquecer do meu passado. Fotografei! Preocupado com o ângulo e a iluminação, caprichei, guardei e conferi.
O passado eternizado.
Dias depois, ainda por lá, voltando para a casa em numa noite enluarada, apontei minha câmera para o céu escuro a fim de registrar a belíssima paisagem do encontro das montanhas parecendo beijar o mar, tendo justamente a Lua como testemunha. Tudo enquadrado! Outra foto fotografada, conferida e guardada na memória virtual e pessoal.
Agora já mais ao Norte, em Assis, fui ao santuário onde está a tumba de São Francisco, três pisos abaixo do imenso complexo religioso, onde ao ficar frente a frente com algo tão divino não resisti e fotografei (sem flash), mesmo vendo os avisos de não ser permitido. Mas eu sentia que aquela era uma oportunidade rara e precisava eternizar. Pecado seria não tirar!
Bati, tirei, fotografei, registrei, congelei o tempo e seja lá como queira chamar, aproveitei! Os dias se passaram e a viagem acabou. Retornei ao Brasil, mas as surpresas não pararam. Principalmente quando fui ver o resultado de todas as fotos tiradas (mais de 500), que me surpreenderam a ponto de não deixar de notar o que aconteceu com algumas delas:
A Lua de Capograssi diminuiu se comparada com a real, parecendo dizer que para vê-la, devo voltar lá, pois não se deixa levar. A foto do túmulo, inexplicavelmente sumiu! Mesmo tendo guardada e conferida lá! E no registro da tumba de São Francisco, deu um erro no arquivo que diminuiu o tamanho ao visualizar, sendo outro aviso de que é proibido fotografar!
Minha máquina não era profissional, mas era digital. Será que foi culpa daquele chinês de quem comprei tão barata? Talvez seja isso que tenha ocasionado aquele resultado negativo! Ou talvez possa ter sido o contrário! Já que se eu tivesse comprado e usado uma máquina com negativo, o resultado poderia ser positivo! Será? Será que o chinês ainda está lá?
Não sei explicar!
Tomei todo o cuidado, inclusive com o manuseio. Escolhi o melhor ângulo, regulei o foco, fiz algumas de cada para garantir, carregava a bateria todo dia para não correr o risco de dar algo errado, mas sinceramente não sei explicar.
Só sei que existem coisas invisíveis que devemos sempre respeitar.
E essa é a grande diferença! Tanto para tirar, quanto para fotografar. Desisti de ir atrás do chinês.
Texto de autoria de Fernando Ferrari.
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