Por Armando Vernaglia Junior.
Nesses vinte anos de fotografia desenvolvi uma longa história com o preto e branco, não sem muitos altos e baixos é verdade.
Confesso que no começo não me interessei, os primeiros anos de fotografia para mim foram em cores, primeiro negativos, depois cromos, se esbarrei no preto e branco foi por acidente.
Assim foi até que iniciei a faculdade de fotografia, curso que não concluí, e na época eu cursava publicidade – este eu concluí – e acumulei duas faculdades, uma de manhã e outra a noite, com uns trabalhos fotográficos no meio do dia.
Foi um período cansativo, mas de alguma forma no meio dessa correria resolvi criar meu primeiro projeto documental autoral, em parte para cumprir com obrigações de apresentar trabalhos nas duas faculdades. Por qualquer motivo que nem eu bem sei, resolvi que seria em preto e branco.
Parti com minha câmera pelas linhas de trem da cidade de São Paulo documentando tudo que eu via no entorno dos trilhos, era um projeto documental e jornalístico, eu sei nada com publicidade, acho que eu estava no curso errado, mas lá eu ia com rolos de Ilford HP5 na mala.
Durante meses rodei para lá e para cá, tomei trens para todos os lados, não houve linha ou estação que eu não acabasse conhecendo, sempre com minha Pentax MZ-M e um monte de rolos de HP5. Entre os laboratórios de revelação das duas faculdades revelei e ampliei tudo, de uma hora para outra parece que eu só queria fotografar em preto e branco.
A cada filme revelado fui melhorando, aprendendo a lidar com contraste e granulação, fosse pela temperatura do revelador, pela concentração dos químicos, pela agitação dos tanques, virei um conhecedor dos métodos de revelação.
Tomei gosto, revelei centenas de filmes, fiz outros projetos e de repente cansei, abandonei os cinzas.
Era o início do digital e eu estava ali de volta com as cores.
Fiquei colorido por uns cinco anos mais ou menos, período em que produzi muita fotografia publicitária, que é majoritariamente colorida.
Tempo passa, muitos trabalhos, clientes, poucos projetos autorais, vez ou outra pegava umas imagens e tratava em preto e branco para ver como ficavam, e assim como na primeira vez sem um motivo específico lá estava eu de novo descolorido. Descobri que meu trabalho era em cores, mas quando clicava para mim mesmo, era em preto e branco.
Cá estou eu agora, qualquer um que veja meu site ou instagram verá que minha produção autoral concentra-se no preto e branco. Posso dizer que estou numa espécie de maturidade fotográfica, gosto do que faço, da forma que faço, e esta forma tem sido nos últimos três ou quatro anos em preto e branco.
Não digo que será para sempre, de repente posso me engraçar com as cores mais uma vez, vai saber, mas por hora sigo feliz descolorido.
Altos e baixos, idas e vindas, o preto, o branco e eu.
Texto de autoria de Armando Vernaglia Junior – Autor PBMAG #3.
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